quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Cuidados orais no Transplante de Células-tronco Hematopoiéticas (TCTH)


O Transplante de Células-tronco Hematopoiéticas (TCTH) é um tratamento utilizado para diversas doenças do sangue - benignas e malignas. As células-tronco podem ser obtidas a partir do sangue periférico do doador (que é a maioria dos casos), a partir da medula óssea do doador, ou ainda do cordão umbilical e placenta. O doador pode ser o próprio paciente (transplante autólogo) ou pode ser um outro indivíduo que seja compatível, seja ele aparentado ou não (transplante alogênico). Todo transplante traz complicações orais muito importantes e exige uma preparação minuciosa da cavidade oral do paciente ANTES de iniciar o tratamento. O paciente fica sem defesas e se tiver qualquer foco de infecção oral durante o transplante ele pode ter complicações severas, com risco de sepse e óbito. Por isso é preciso ser avaliado por um dentista experiente, que tenha conhecimento sobre as complicações específicas de cada fase do transplante, cuidando do paciente ANTES, DURANTE e APÓS o TCTH. Essa é uma maneira muito simplificada de explicar a importância do dentista na equipe de transplante de medula óssea. Essa semana eu ministrei uma aula bem completa na Unidade de TMO do HU, onde pude explicar à maravilhosa equipe, detalhadamente, os cuidados orais ao paciente do transplante em todas essas fases. É preciso que todos da equipe saibam que as infecções orais representam um grande risco no TCTH e precisam ser prevenidas ou tratadas adequadamente. 
Foi maravilhoso! Agradeço imensamente à equipe! Leiam mais sobre as complicações do transplante de CTH no nosso blog (Complicações da quimio e radio). 

domingo, 24 de setembro de 2017

Ozonioterapia: se você não conhece, precisa conhecer!

Certamente você já ouviu falar, eu também já tinha lido algo a respeito. Mas quando comecei a estudar sobre o tema, vi que o assunto era sério. Quanto mais eu lia, mais eu vi que precisava desse recurso para meus pacientes. Fui fazer o curso de Habilitação em Ozonioterapia procurando uma alternativa de tratamento para os pacientes com Osteonecrose dos maxilares. Mas voltei com algo muito maior: uma terapia complexa e que pode ser usada para diversas complicações orais, com resultados incríveis! É claro que, como tudo na vida, precisa ser feito com critério, com muito estudo, por profissionais habilitados e dentro dos parâmetros corretos. Mas feito dessa maneira, o resultado é maravilhoso. Mais uma possibilidade de tratamento para nossos queridos pacientes oncológicos! O curso foi excelente, ministrado por professores maravilhosos, aos quais sou muito grata! A turma é incrível, espero manter contato! Professores Francisco Campos, Carlos Nogales, Sérgio Bruzadelli, Marina Beloti, Magda Siqueira, muito obrigada!



domingo, 25 de junho de 2017

Como entender se eu não vejo?

Na Odontologia estamos acostumados a trabalhar com milímetros. Na nossa profissão, um milímetro pode fazer muita diferença. Mas como mostrar ao paciente uma alteração bucal de milímetros, quando ele espera ver em centímetros? Como convencer o paciente que existe um biofilme se formando sobre seus dentes, uma placa bacteriana que agora é mais espessa devido às alterações bucais da quimioterapia? Como mostrar uma lesão de cárie que pode trazer problemas durante a imunossupressão? Um dos recursos que gosto muito de usar é a câmera intra oral, um excelente auxílio na orientação do paciente. É claro que o paciente confia no seu trabalho e no que você diz que ele precisa fazer. Mas quando ele vê, é diferente. Se ele vê, ele entende. Se ele entende, ele se compromete, que é o nosso objetivo. Se ele vê, ele entende a importância da prevenção, de uma boa higiene oral. É claro que podemos utilizar para mostrar o resultado do trabalho, de uma restauração bem feita, por exemplo. Mas mais do isso, é um recurso de educação em saúde com o qual podemos contar. Vejam nosso equipamento de câmera intra oral do consultório. Os pacientes gostam muito de ver na tela o que estamos explicando. 


domingo, 11 de junho de 2017

Vamos evitar que nossos pacientes tenham osteonecrose dos maxilares?

Quando Marx descreveu a osteonecrose dos maxilares, em 2003, falou em epidemia.  Ele estava certo: a osteonecrose (ON) dos maxilares provocada por medicações antirreabsortivas e antiangiogênicas tem crescido a níveis alarmantes nos últimos anos. E isso tem acontecido pela falta de informação, pois os pacientes não sabem que ao fazer uso de determinados medicamentos, não podem fazer extrações dentárias, por exemplo. A maior causa de ON tem sido exodontias, seguida de trauma por prótese mal adaptada. 
Isso é reflexo de falta de informação, pois os dentistas devem sempre perguntar ao paciente se ele faz uso dessas medicações e há quanto tempo utiliza, além de saber sua forma de administração (se é via oral, endovenosa ou subcutânea), pois isso interfere no tratamento odontológico e contra-indica determinados procedimentos. 
Por isso, cabe a nós, cirurgiões-dentistas, tomarmos uma atitude para não deixarmos isso acontecer. E o que temos a fazer é: perguntar ao paciente se ele faz ou já fez uso dessas medicações e orientá-lo. Preparar a boca do paciente caso ele tenha planos de fazer as medicações. E acompanhar o paciente se já fez ou está em uso dessas medicações, mantendo sua saúde oral em dia. 
As medicações que podem provocar ON são geralmente indicadas para tratamento de osteopenia, osteoporose, metástase óssea e controle de alguns tipos de câncer, como no caso das drogas antiangiogênicas. São medicações excelentes, e são prescritas pelos médicos, e só a eles cabe interromper seu uso. Nem o paciente nem o dentista deve interromper o uso dessas medicações, pois são importantíssimas para controlar a reabsorção óssea causada pelas doenças. O que devemos fazer é PREVENÇÃO, é cuidar da boca desses pacientes para que eles nunca tenham problema e possam usar suas medicações com segurança. 
As osteonecroses provocadas por medicamentos - MRONJ, como são chamadas, são uma complicação difícil de tratar, por isso é sempre melhor prevenir! 

Na página de "complicações da quimio e radio" eu coloquei uma lista de medicações indicadas para tratamento de osteopenia, osteoporose, metástase óssea e antiangiogênicas, que exigem esses cuidados orais. Vale a pena consultar. Essas medicações mudam, novas medicações surgem, essa é somente uma pequena lista que certamente aumentará. Vamos nos informar!

Palestra sobre prevenção e manejo das osteonecroses dos maxilares.

Ontem fui convidada a ministrar a palestra sobre "Osteonecrose dos maxilares: prevenção e manejo", no II Encontro de Estomatologia e Patologia do Interior do Paraná. Foi um evento excelente, com ótimas palestras, onde pude aprender muito e também tive a oportunidade de compartilhar com os colegas um pouco da minha experiência no manejo dessa complicação cada vez mais frequente, a osteonecrose. 
Durante a aula, prometi aos alunos que publicaria uma lista de medicamentos que podem provocar ON, dependendo do tempo de uso e dose. Aguardem! Logo publicarei a lista para todos compartilharem! 

domingo, 23 de abril de 2017

Vai passar!

Há momentos na vida em que passamos por grandes dificuldades e perdas que muito nos entristecem. E quando estamos vivendo esse pesadelo a sensação é de que essa fase nunca vai terminar! Mas todos sabemos que a vida é feita de altos e baixos, de momentos de dor e de alegria. E que ambos passam! E é a trajetória que importa, é todo o caminho percorrido que nos ensina e nos faz crescer. Por isso eu costumo falar uma frase aos meus pacientes, quando estão passando pelo tratamento do câncer: isso vai passar! Eu sei que muitas vezes a impressão é de que só os momentos felizes passam rápido. As férias, comemorações, reuniões com amigos e familiares, feriados... ah, como esses voam! Mas os momentos difíceis também passam, mesmo parecendo às vezes durar uma vida, mesmo sendo extremamente difíceis e às vezes levando parte de nós, de nossos corações. Existe uma lenda que vou contar a seguir que era muito antiga e foi adaptada, ganhando diversas versões, falando exatamente sobre isso, que é de onde eu tirei essa frase: 
"Vai passar!
Um sábio chinês presenteou o imperador com um livro que tinha apenas duas páginas e explicou: - No momento mais triste de sua vida, leia a primeira página. E no momento mais feliz, leia a segunda. O presente terá atingido seu objetivo. 
Tempos depois, o império foi a ruínas por uma peste nas plantações, invasões e doenças, então o imperador resolveu abrir o livro e leu a primeira página, onde estava escrito: - Isso vai passar!
Incansável, ele conseguiu reerguer todo o império com muita luta e prosperou. Quando estava vivendo momentos de glória resolveu abrir a segunda página do livro, onde havia outra frase: - Isso também vai passar!"
Meus queridos pacientes, terei novidades a partir dessa semana, onde vamos comemorar essa passagem, comemorar a finalização dessa difícil etapa de tratamento oncológico. 
Aguardem!


sexta-feira, 17 de março de 2017

Bem-vinda, Dra. Emanuela!

É com grande alegria que apresento a vocês a nova Cirurgiã-dentista da equipe: Dra. Emanuela Paluski Pereira. Há quatro anos Emanuela vem estudando e se dedicando à Oncologia, área pela qual se apaixonou no início da graduação. Conheça mais sobre essa excelente profissional, que muito veio a acrescentar ao nosso time, na página Equipe de Odontologia. Bem-vinda à equipe, Emanuela! Que você seja muito feliz nessa área! Por ser uma profissional muito estudiosa, dedicada e humana tenho certeza de que terá muito sucesso! 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Eu me curei!

Desde que criei o blog eu sempre quis divulgar as histórias das pessoas que vencem o câncer. Por isso resolvi fazer um canal para publicar essas histórias, que chamei de "Eu me curei!". Vocês podem acessar os vídeos aqui pelo blog diretamente na sessão do "Eu me curei", ou então pela nossa fan page. É muito emocionante e motivador! Aproveitem! Compartilhem! Isso motiva a outras pessoas que estão passando pela doença e ajuda a divulgar a ideia de que o câncer quando tratado no início pode ser curado, o que incentiva as medidas de prevenção.


Estou de volta!

Quando eu resolvi iniciar o blog minha intenção era divulgar informações sobre o tratamento odontológico ao paciente oncológico. Há muitos anos, quando eu comecei nessa área, não havia muitos profissionais que atuavam na odonto-oncologia e havia muita dificuldade em obter material sobre esse tema, por isso resolvi colocar aqui informações básicas que pudessem ajudar tanto aos pacientes em tratamento oncológico quanto aos colegas que não sabiam como atender a esses pacientes. Eu não imaginei que o blog teria o alcance que teve. Desde que iniciei as publicações eu tive mais de 85 mil visitas ao blog e muitas pessoas me procuraram para questões de oncologia. Durante alguns anos eu parei de publicar postagens pela correria do atendimento diário, mas sempre consciente da importância do blog e pensando em retomar as publicações o quanto antes. E hoje, mesmo com a correria de atendimento às duas clínicas oncológicas onde trabalho e ao Hospital do Câncer de Londrina onde atendo, sinto que devo dedicar um tempo para atualizar o blog. Tenho também procurado sempre atualizar a fan page, pois hoje o Facebook tem um alcance maior e pode levar essa ajuda a outros lugares. É com grande alegria que nesses quase 20 anos de atendimento ao paciente oncológico eu tenho ajudado a responder a perguntas de pessoas de diversas cidades do Brasil e até de outros países. Já atendi cerca de três mil pacientes oncológicos e aprendi com cada um deles, não somente sobre oncologia mas muito sobre lições de vida que me ajudaram a ser quem eu sou. Por isso sou grata a cada um de vocês que me procuram e que me pedem ajuda, pela oportunidade de lhes trazer um pouco de qualidade de vida e pelo privilégio de aprender com vocês! 
Tão maravilhoso quanto sair de férias é voltar ao trabalho quando se ama o que faz! 
#odontologiaoncológica #oncologiacomamor


Precisamos falar sobre Osteonecrose!

Falar sobre a Osteonecrose é extremamente necessário atualmente, já que essa é uma complicação que pode atingir não somente a pacientes oncológicos, mas também a qualquer paciente que faça uso de determinados medicamentos. Por isso eu sempre falo aos alunos nas minhas palestras e aulas que, independente da área odontológica que eles atuem, é preciso que estejam familiarizados com essa complicação. É preciso saber prevenir a osteonecrose e estar preparado para tratar essa complicação -ou ao menos encaminhar a alguém que saiba tratar o problema.
Nos pacientes oncológicos, a osteonecrose de maxilares pode ser provocada tanto pela radioterapia (quando realizada nas regiões de cabeça e pescoço) quanto por determinadas medicações prescritas para metástases ósseas, como drogas antirreabsortivas e bisfosfonatos. Atualmente já se sabe que drogas antiangiogênicas usadas em determinados tratamentos de câncer e corticóides em altas doses também podem provocar a complicação, principalmente quando associados aos bisfosfonatos. O problema é que alguns bisfosfonatos também têm sido prescritos, tanto na forma endovenosa quanto via oral, para tratamento de pacientes com osteopenia ou osteoporose, sem a devida orientação aos pacientes. Então você, colega dentista, sempre deve lembrar de perguntar ao seu paciente na anamnese se ele faz ou já fez uso de bisfosfonatos para tratamento dessas doenças, pois dependendo do tempo de uso isso pode contra-indicar a realização de implantes dentários, enxerto ósseo, exodontias e qualquer outra cirurgia odontológica que envolva manipulação óssea. O risco de desenvolver osteonecrose depende do tempo de uso das medicações, via de administração (via oral ou endovenosa), dose total e campo de radioterapia, entre outros fatores. É preciso conhecer a patologia para saber identificar o risco de cada paciente, para instituir medidas preventivas e monitoramento adequados a cada situação. O tratamento da osteonecrose é difícil e o resultado é imprevisível. Por isso a melhor medida ainda é a prevenção! Antes de iniciar o uso de bisfosfonatos para metástase óssea, para osteopenia ou osteoporose e ANTES de iniciar a radioterapia é necessário que o paciente passe por uma avaliação odontológica para preparação bucal. 
Na sessão de casos clínicos eu publiquei alguns casos de osteonecrose por bisfosfonatos, drogas antirreabsortivas, antiangiogênicas e osteorradionecrose. Compartilhem! Vamos divulgar para que mais colegas atuem na prevenção do problema!