Um equívoco muito comum, quando
os cirurgiões-dentistas começam a tratar pacientes oncológicos, é achar que
toda lesão oral durante o tratamento do câncer é mucosite. A mucosite pode ser
provocada por algumas drogas quimioterápicas e terapias alvo, bem como pela
radioterapia, dependendo do campo e dose de radiação. Mas nem todos os esquemas
de quimioterapia provocam mucosite. E por que isso é tão importante? Porque se
não for mucosite, pode ser uma infecção fúngica, bacteriana ou viral, cujo
manejo é diferente. As infecções orais durante o tratamento oncológico devem
ser rapidamente tratadas, devido à imunossupressão em que os pacientes se
encontram, demandando tratamento medicamentoso de uso tópico ou sistêmico,
dependendo da indicação.
Então qual é o primeiro passo
ao detectar uma lesão oral em um paciente oncológico? O primeiro passo é sempre
o diagnóstico! Para chegar ao diagnóstico é preciso fazer uma anamnese
detalhada e um exame físico bem criterioso. Assim, obtendo as informações
referentes ao tratamento oncológico que o paciente está recebendo, saberemos
determinar qual a doença de base desse paciente, quais drogas fazem parte de
seu protocolo de quimioterapia, qual a dose de cada medicação, quando fez o
último ciclo quimioterápico, quando surgiram as lesões, qual a dose total e
campo de radioterapia (no caso de câncer de cabeça e pescoço), além de todas as
medicações em uso e comorbidades do paciente. Com essas informações, juntamente
com o aspecto clínico das lesões, criamos critérios de inclusão e exclusão para
a mucosite oral e podemos estabelecer um diagnóstico, que determinará a escolha
do tratamento. No exame físico, observamos aspectos como a localização e
profundidade das lesões, que muito nos auxiliam no diagnóstico da mucosite
oral.
Se o paciente chegar com queixa
de lesão oral e na anamnese você já observar que seu protocolo oncológico não
deveria provocar mucosite, ou que a data de surgimento das lesões é diferente da
esperada, já fique atento! Você precisa conhecer os protocolos de
quimioterapia, para saber quais são estomatotóxicos, quais provocam mais
mucosite, quais podem provocar neutropenia severa e outras alterações bucais.
Esteja sempre aberto a outros diagnósticos, porque nem tudo é mucosite!
Mais informações
sobre mucosite oral e infecções orais no paciente oncológico no nosso Blog! Até
o próximo post sobre odontologia oncológica.😉
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