Existem os guidelines, os livros e artigos para orientar o tratamento, mas muitas vezes nos deparamos com situações em que a decisão não está no livro. Temos sempre que levar em consideração nossa experiência no manejo desses pacientes e as informações da anamnese sobre o tratamento oncológico realizado e fatores individuais do paciente, para essa difícil tomada de decisão.
Esse paciente reunia duas das maiores preocupações na odonto-oncologia: alto risco de osteonecrose dos maxilares e de infecção. Ele precisou começar a quimioterapia com urgência e o tratamento com uma potente droga antirreabsortiva para metástase óssea. E após ter feito a primeira aplicação ele me procurou pela primeira vez, dizendo que havia realizado implantes dentários há alguns meses e agora precisava fazer as aberturas dos implantes com seu dentista.
E agora? Decisão difícil, pois uma cirurgia após o início da quimioterapia e do ácido zoledrônico poderia provocar atraso na cicatrização e também osteonecrose, porém a prótese total provisória que ele estava utilizando também trazia um risco elevado de provocar essa complicação. E quanto mais esperássemos, maior seria a chance de ocorrer osteonecrose, pois maior seria a incorporação óssea do bisfosfonato. Pensamos a longo prazo e resolvemos seguir com as aberturas dos implantes, com antibioticoterapia e todos os cuidados pré, trans e pós-cirúrgicos - uma decisão conjunta entre médico, odontologia e paciente, que foi muito bem orientado quanto aos riscos e todos os cuidados. A cirurgia de abertura foi realizada pelo implantodontista, com sucesso. Porém, após alguns dias, houve o início de uma pequena peri-implantite em torno de 2 implantes, com uma cicatrização mais lenta, devido à quimioterapia e droga antirreabsortiva. Resolvi realizar a Terapia Fotodinâmica Antimicrobiana (aPDT). Com apenas uma sessão houve cicatrização completa da gengiva. O paciente seguiu o tratamento e já instalou a prótese definitiva! Sabíamos que havia um risco de complicações, devido à quimioterapia e ao uso da medicação antirreabsortiva, mas nesse caso o risco de ficar com uma prótese total e fazer a abertura dos implantes posteriormente trazia um risco ainda maior. Como sempre, cada caso é um caso.
Mais uma vez, destacamos a importância da individualização do tratamento e das decisões em conjunto com a equipe médica. Até o próximo post!
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